Quem disse que devemos ser iguais para ser aceitos, hoje o dando voz tem o prazer de bater um papo com Gildo Mota.
Dando Voz – Gildo Mota
Modelo, fotografo e empreendedor, Gildo Mota nos ensina a importância de se aceitar e de seguir a via oposta do falso padrão que a sociedade deseja ditar.
Entrevista
Quem é o Gildo Mota?
“Atualmente tenho 22 anos e moro aqui no DF desde o meu primeiro ano de idade. Falar sobre minha história ao mesmo tempo que é fácil, também chega a ser desafiador porque são muitos pontos e não sei por onde começar. Assim como muitos, eu nasci em uma família bem humilde, filho de mãe branca paraibana e pai negro pernambucano, carrego no meu sangue a garra que todo nordestino tem dentro de si para ser grande como o brilho estampado na esperança do seu olhar.
Desde criança eu sempre me achava uma pessoa totalmente diferente das outras (mas não sabia definir o que exatamente ). A pressão e responsabilidade no qual tive que assumir ainda pequeno, ajudaram a construir quem eu sou hoje e também a visão que tenho sobre o meu propósito principal no mundo (ser luz nos corações das pessoas).”
Com qual idade surgiu o amor pela arte?
“O meu lado artístico sempre esteve brilhando dentro de mim, mas ao mesmo tempo que não entendia direito como funcionava, eu também sentia medo das pessoas e como começariam a me ver caso eu aceitasse meu chamado. Com o passar dos anos entendi que não dava mais para se resguardar, era necessário deixar radiar tudo que estava preso.”
Hoje em dia sabemos que o padrão imposto por algumas pessoas, acaba tirando a identidade do jovem por querer se encaixar nesse padrão, como foi seu processo de autoaceitação?
“Lembro que quando estava com meus 15 anos, comecei a olhar para homens e mulheres negras que tinham o cabelo cacheado e/ou crespo, nisso senti uma descoberta valiosa dentro de mim (foi o primeiro start para a autoaceitação). Depois de várias tentativas entre idas e vindas, finalmente aos poucos fui largando alguns padrões em mim que viviam me amedrontando e comecei o meu processo de crescimento capilar.
Deixar meu cabelo crescer, não usar mais nenhum tipo de química foi uma das melhores ações que já fiz ao longo da minha vida, e jamais significará somente cabelo, porque tudo foi e é trabalhado de forma mais profunda dentro de mim.
Eu sou negro e isso sempre foi uma questão na qual me trazia questionamentos, afinal por toda a padronização e negação da sociedade acabei colocando que na minha mente que negro eram apenas pessoas de pele retinta e no meu caso eu se tratava de pardo. Hoje em dia tenho muito orgulho de gritar para o mundo sobre minha cor e toda a história que carrego como herança de meus antepassados.”
Como começou sua relação com a fotografia?
“A fotografia começou a surgir de forma mais clara na minha vida em 2016 e passei um bom tempo estudando intensivamente e sozinho para conseguir dar oficialmente início ao meu empreendimento. Graças a fotografia, cada ano que desde então se passou tudo foi clareando pra mim e só confirmava meu sentimento quando era criança (o fato de que eu sou diferente de tudo e todos). Foi com ela que consegui mostrar a beleza, identidade e valor que todas as pessoas têm, sendo únicos e com suas histórias valiosas sem necessidade de aprovação de ninguém.
A arte como podem ver sempre esteve presente, mas foi aos poucos que entendi. Não me vejo fazendo alguma outra coisa que não seja com a criação, é mais forte do que eu possa até imaginar, meu coração fala quase que gritando comigo e eu sempre o escuto.”
Sua autoaceitação influenciou na decisão de ser modelo?
“Sempre quis ser modelo, mas com tantos padrões pelo mercado da moda e eu não estar dentro deles, achava que esse ambiente realmente não era pra mim, até que eu me enganei e comecei perceber que era possível.
Quando eu soube desde o primeiro momento do desfile beleza negra, idealizado pela Daí Schmidt senti uma esperança sem igual me contagiando. A primeira vez que vi aquele tanto de negros (fora do padrão) reunidos em um único local, com as mesmas intenções e sonhos, foi como ter encontrado novamente o meu mundo, só que dessa vez moldado nitidamente com linhas de cores reais.
Eu acredito que toda e qualquer pessoa tenha o seu espaço que é de direito, todos são possíveis chegar onde desejam, só é preciso oportunidade e muito empenho.”
Gildo gratidão por dividir conosco seu crescimento e aceitação, que muitos outros jovens se inspire na sua garra e determinação.
Gildo Mota faz parte do casting de modelos do Desfile Beleza Negra, projeto cultural voltado a formação de modelos negros e sua inserção no mercado da moda, projeto idealizado pela produtora de moda Dai Schmidt.
O quadro dando voz em parceria com o Desfile Beleza Negra trará histórias reais de autoestima, motivação e superação, te convido acompanhar toda segunda-feira.
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