Yuld Rodrigues compartilha conosco sua força pra vencer o bullying, a depressão e a dor da perda.
Dando Voz – Yuld Rodrigues
Vamos conhecer um pouco da história da Yuld Rodrigues, seus momentos marcantes e recomeço através da moda.
Entrevista
1 – Quem é a Yuld?
Eu sou Yuld, nasci em Teresina, Piauí, me mudei para Brasília com 3 anos de idade, hoje tenho 30. Sou mãe de um menino, meu Bernardo, que acabou de fazer 7 anos. Minha família sempre me deu muito apoio a tudo que sonhei. Perdi minha mãe quando eu tinha 18 anos, assim estreitei mais ainda minha relação com meu pai, o Seu Edson, que hoje em dia é meu grande amigo e parceiro, que embarca e acredita nas minhas ideias. Sou apaixonada por tudo que pode me trazer conhecimento e evolução para o bem como pessoa. Adoro estar com minha família e meus amigos, os considero minha base e meu Porto Seguro.
2 – Como foi o processo para se descobrir modelo?
Me tornei modelo num momento de muitos questionamentos pessoais, enfrentando uma depressão e a dor da perda da minha mãe, pensei em desistir de seguir muitas vezes. Enfrentei muito bullying na infância e adolescência, por ser aos olhos dos outros, “alta demais”, “magra demais”, negra e ter cabelo crespo. Completamente fora dos padrões que eu via em destaque nas mídias. E era pelos olhos dos outros que eu infelizmente me via, alguém que jamais iria a lugar nenhum, ainda mais dentro da moda, mas, ainda assim, eu sonhava em seguir os passos da minha Tia Beta, que foi quem me incentivou muito nesse processo, por apoio da minha família e na companhia de dois amigos eu decidi procurar a minha primeira agência em Brasília, onde fiz diversos cursos, que me ajudaram na minha desconstrução. Passei a ver outra Yuld, uma nova Yuld. Uma pessoa que apesar das perdas não precisava se afundar, porque ali não era o fim do poço. A moda me deu um recomeço. Fiz amigos novos, trabalhos, conheci lugares e oportunidades novas.
3 – Qual foi o trabalho mais marcante em sua carreira?
Meu trabalho mais marcante sem dúvidas foi o DBN. Eu estava fora da passarela a alguns anos depois de me tornar mãe. Foi quando eu recebi o convite e não pensei duas vezes, ACEITEI, com muita alegria e ansiedade para voltar a fazer o que eu amo, modelar. No dia do desfile era como se fosse a primeira vez, frio na barriga, me lembro de me arrepiar na passarela ao som de Elza Soares. Isso me marcou muito. Sou grata a Dai por essa oportunidade, talvez ela não saiba, mas, esse foi meu recomeço.
4 – Além de modelar você tem outro projeto, nos conte como surgiu.
Através da moda descobri minha paixão pela fotografia. Foi fazendo fotos que muitas vezes eu via que a nossa perspectiva como pessoa e como mulher muda. Assim surgiu o “Projeto YOLO”. Fotografo mulheres comuns, consideradas fora do padrão, resgato aquela mulher que muitas às vezes não conheciam. A parte que mais gosto no meu trabalho, é quando entrego o ensaio nas mãos dessas mulheres, o olho brilha e se enche de lágrima, é como se eu estivesse devolvendo a essência e a autoestima. Sempre me emociono, sensação de dever cumprido.
Espero poder fazer isso por muitas outras mulheres. O ensaio mais marcante, foi de uma mulher que estava numa situação de relacionamento abusivo e de violência doméstica, fez o ensaio escondido do companheiro. Foi nítido a mudança dela depois do ensaio, ela passou a se olhar com mais carinho, passou por cima de tudo que ela estava vivendo e tomou as rédeas da vida dela. Hoje em dia é uma mulher feliz e empoderada.
5 – Qual a mensagem você deixa para os jovens que estão se sentindo sem direção ou referência?
A frase “não desista dos seus sonhos” é clichê, mas, é tão real. A gente se realiza de tantas formas. A gente se realiza até fazendo o bem pro outro.
Yuld Rodrigues faz parte do casting de modelos do Desfile Beleza Negra, projeto cultural voltado a formação de modelos negros e sua inserção no mercado da moda, projeto idealizado pela produtora de moda Dai Schmidt.
O quadro dando voz em parceria com o Desfile Beleza Negra trará histórias reais de autoestima, motivação e superação, te convido acompanhar toda segunda-feira.
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