Paulo Betti é ator, autor, produtor, diretor e apresentador, interpretou personagens inesquecíveis como o Jonas na telenovela A vida da gente.
Paulo Betti
Com 49 anos de carreira, contabiliza mais de 40 peças de teatro. Centenas de personagens interpretados, hoje compartilha conosco um pouco da sua infância, começo e atualidade.
Entrevista
Como foi a infância do menino Paulo?
“A minha infância foi muito rica no sentido da cultura e do lugar onde fui criado que parecia uma espécie de Macondo do Cem Anos de Solidão, porque eram quatro ruas de terra de 500m cada uma, que se cruzava como num jogo da velha e ficava numa baixada, e 95% dos habitantes desse lugar que se chamava Vila Leão eram negros.
Tinha duas famílias de japoneses e minha família de italianos, então era uma convivência muito rica do ponto de vista cultural e do ponto de vista dos costumes da alimentação.
Tinha muito carnaval, muito samba, batuque, tinha brincadeiras de criança na rua com todos os jogos, pular corda, jogos infantis, andar de carrinho, bolinha de gude, enfim, além dessa presença forte da questão da negritude, quase todos os meus amigos eram negros com exceção dos meninos japoneses, então era uma mistura muito positiva, muito legal, então foi muito boa minha infância nesse sentido”.
Em que momento despertou a vontade em atuar?
“Eu sempre tive essa ideia de brincar com teatro desde pequeno desde menino. Eu fazia teatro de bonecos e eu tinha um contato forte com o teatro amador. Foi a partir do teatro amador em Sorocaba que eu comecei a achar que aquilo poderia ser uma profissão. Quando eu ganhei o Prêmio Governador do Estado como melhor ator amador do ano de 1971 eu achei que era um bom sinal para seguir essa carreira”.
(Fotógrafo João Cotta)
A pandemia te possibilitou dar atenção para algum projeto inacabado?
“Nessa pandemia dei uma ativada no meu livro, baseado na própria peça autobiografia autorizada, eu estou fazendo um livro que é um pouco a peça, mais ampliada, mais desenvolvida, com mais tempo leitura, mais folga porque a peça foi cortando muito, foi concentrando muito.
O livro é uma coisa que me despertou essa questão da escrita de poder escrever e ter tempo para escrever. Acho que até tempo demais”.
Sempre com opiniões e posicionamentos fortes referente ao meio político, alguma vez teve vontade em ingressar na vida politica?
“Eu sempre fui muito ligado em política, desde adolescente que eu tinha essa consciência, porque meus meus avós eram camponeses e trabalhavam na terra e lavradores. Então eu sempre tive essa ligação política, até uma vez eu quis e pensei em ser, e depois quando saiu uma foto minha no jornal aqui no Rio de Janeiro foi em 92 eu acho, dizendo que eu seria candidato, eu normalmente ia para uma academia de ginástica aqui perto de casa, ia de bicicleta e sempre cumprimentava um peixeiro que tinha aqui perto da passarela, naquele dia que saiu minha foto no jornal como candidato eu desci e abracei o peixeiro. Geralmente eu cumprimentava de longe, mas no abraço eu percebi que aquela atitude que eu estava tendo com o peixeiro era em busca dos votos, eu não gostei disso e aí desisti”.
Qual a sensação de rever uma obra sendo reprisada?
“Essa novela “A Vida da Gente” para mim está sendo como se estivesse fazendo novamente, é incrível a sensação. Eu nunca prestei atenção em novela nenhuma que eu fiz, quando passava de novo não dava atenção, passou tantas vezes Tieta, Pedra sobre pedra, A indomada, toda hora tem novela passando mas eu nunca liguei. Agora essa não, essa eu acho que por causa da circunstância mesmo, com a pandemia e tudo mais, essa eu estou acompanhando e está parecendo como se estivesse fazendo de novo”.
Além de conferir a espetacular atuação de Paulo Betti na reprise de A Vida da Gente na TV globo, recentemente ele lançou o filme A Fera na Selva que conta com ele e Eliane Giardini nos papéis principais e está disponível na plataforma Now.
Trailer
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